Matéria da Istoé Dinheiro que pode ser encontrada no link http://www.terra.com.br/istoedinheiro/309/economia/309_mais_que_trabalho.htm
comprova que desde a época de Ministro do Trabalho, Jacques Wagner não trabalhava.
ECONOMIA Quarta-feira, 30 de Julho de 2003
MAIS PALAVRAS QUE TRABALHO
Hugo Studart
Jacques Wagner: Na sua visão, o desemprego não é tão grave
Quando o Partido dos Trabalhadores chegou ao poder, esperava-se que o ministro do Trabalho fosse uma peça central do governo. Mas o titular da pasta, Jacques Wagner, acabou se tornando uma figura periférica na Esplanada, que aparece mais pelos tropeços do que, propriamente, pela consistência das propostas. Wagner tomou posse dizendo que o 13º e as férias seriam “penduricalhos” da CLT, a lei trabalhista. Depois quis terminar com a multa de 40% sobre o FGTS nas demissões sem justa causa. Sua mais recente idéia foi a do “carro do trabalhador”, substituto dos carros populares – plano que não encontrou ressonância alguma.
Agora o ministro está às voltas com a polêmica provocada por seu maior escorregão. Dias atrás, ao falar sobre o desemprego, ele disse: “O alarme é maior que o drama”. Mas não é assim para as 443 mil pessoas que, segundo o IBGE, somaram-se ao exército de desempregados nas regiões metropolitanas durante sua gestão.
O ministro tentou explicar o porquê do alarmismo. “Ocorreu uma perda salarial muito grande, o que obrigou mais pessoas de uma mesma família a buscar emprego”, disse ele. Ou seja: o fato de os rendimentos terem recuado 13% no governo Lula também não seria um problema tão grave. Na seqüência, Wagner criticou a Prefeitura do Rio de Janeiro por ter aberto concurso de gari, levando 131 mil desempregados, alguns com curso superior, às filas de inscrição. “A fila, para mim, é irresponsabilidade”, queixou-se. “Que brincadeira é essa, a Noite dos Desesperados?”, indagou. Como seria de se esperar, o ministro foi metralhado por críticas de várias lideranças sindicais. “Em vez de tapar o sol com a peneira, ele deveria propor um acordo emergencial”, revoltou-se o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Eleno Bezerra. “O ministro tem que falar menos e trabalhar mais”, aconselhou Luiz Marinho, da CUT.
Com sete meses no cargo, o único feito deWagner foi o programa Primeiro Emprego, que prometia gerar 250 mil postos para jovens até o final do ano, mas foi lançado com atraso considerável. Até agora, está garantida a contratação de somente 6 mil pessoas. O ministro tem tido dificuldades para viabilizar até mesmo temas de seu interesse pessoal. No início de julho, nomeou sua mulher Maria de Fátima representante do ministério no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Fátima tem trânsito próprio no Palácio do Planalto. É ela quem manda fazer as camisas do presidente Lula em um camiseiro de Salvador, o De Tomaso, a R$ 110 cada. Ainda assim, teve que ser demitida na véspera da sua estréia, quando se descobriu que o cargo era exclusivo para servidores públicos.
Candidato a prefeito de Salvador em 2004, Wagner entregou todo o poder de sua pasta a Remigio Todeschini, secretário de Políticas de Emprego. Ex-tesoureiro da CUT, Todeschini tem entrado em atritos na administração de R$ 17,8 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador, o FAT. No segundo escalão, acalenta uma briga pessoal antiga com Bernardo Macedo, assessor especial de Antônio Palocci. Quase tudo que o ministro Wagner reivindica é barrado na Fazenda. Mais acima, Todeschini comprou uma briga com o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, atrasando os repasses do FAT para a administração do seguro desemprego. A dívida chegou a R$ 11 milhões na semana passada. Outro caso ilustrativo está ocorrendo com o ministro Cristovam Buarque, da Educação. Ele pediu ao colega Wagner verbas do FAT para o programa de alfabetização. Todeschini engavetou o pedido. Cristovam soube e não se conformou. Mandou seus assessores negociarem o dinheiro direto na Fazenda. Deu certo. Nos próximos dias, será assinado um convênio no qual o FAT vai doar verbas para treinamento de professores.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, também está insatisfeito e procurou o presidente Lula para se queixar da lentidão do ministro. “Ele foi escolha pessoal minha e vai surpreender”, teria prometido Lula. O sindicalista desabafa à DINHEIRO: “Já desisti de trabalhar com o ministro; ele não tem força no governo nem agilidade”. Com Luiz Marinho, da CUT, a relação de Wagner é formal. Marinho prefere resolver as pendências com Lula ou com os ministros José Dirceu e Antônio Palocci. Diante de tamanhas reclamações, o ministro Jacques Wagner talvez possa alegar em sua defesa que o alarme sobre sua pasta, quem sabe, seja maior que o drama.
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